GRAMADO – JARDIM DAS HORTÊNSIAS DO RIO GRANDE DO SUL

   Em 7 de outubro de 1809, foi criada, por Provisão de D. João VI, a 1ª rede de municípios do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo, Santo Antônio da Patrulha. Ao longo dos séculos de XIX e XX, desmembraram-se direta ou indiretamente de Santo Antônio da Patrulha, 76 municípios. De Santo Antônio da Patrulha desmembraram-se o município de Taquara do Mundo Novo, emancipando-se em 17 de abril de 1886, pela Lei 1.586.

   Pelo Ato Municipal 72, de 19 de abril de 1904, foi criado o 3º distrito de Taquara, com sede em Linha Bonita. Em 10 de novembro de 1904, pelo Ato Municipal 80-A, é transformado em 4º Distrito, com sede na Linha Nova (ambas hoje no interior de Gramado). O primeiro administrador do 5º Distrito foi José Nicoletti Filho, nascido na Itália e emigrando ainda pequeno para o  Brasil com seus pais e familiares.

   Pelo Ato Municipal 139, de 17 de janeiro de 1913, o lugar denominado Gramado passou a incorporar e ser a sede do 5º Distrito, onde foram residir as autoridades. Este documento foi assinado pelo Coronel Diniz Martins Rangel, Intendente de Taquara do Mundo Novo, nossa terra mãe. Nesta sede de Gramado, a autoridade era exercida pelo Major José Nicoletti Filho, Subintendente e Chefe de Polícia, na parceria de alguns líderes locais. Nomes como João Leopoldo Lied (tabelião em 1909) e Pedro Benetti (comerciante) fazem parte deste importante momento histórico. Neste núcleo já havia habitantes de origem luso-açoriana, com terras registradas desde 1880 e 1882, e seus pioneiros colonizadores eram Tristão José Francisco de Oliveira e José Manoel Corrêa. Foi concomitante à entrada da colonização de descendentes alemães e italianos, somando-se ainda mascates e comerciantes sírio-libaneses.

   Ao se resgatar a origem de Gramado, logo se questiona o porquê do nome do município. Certamente, ele surgiu do andar de tropeiros por nossa região e que foram nominando locais e caminhos, como foi feito em todo o nosso Estado. Assim, nestas tropeadas, alcançando este patamar do sertão serrano, encontravam um pequeno campo, que já levava o nome de Campestre, onde vertia água límpida e onde as árvores convidavam para o repouso. Ali descansavam, pernoitavam e, no seguinte, davam rumo a sua lida. Dentro das necessidades do crescimento, em 31 de março de 1938, aconteceu a alteração de Povoação do Gramado para a Vila do Gramado.

   Emancipou-se em 15 de dezembro de 1954, pela Lei 2.522, depois de alguns anos de campanhas emancipacionistas, iniciando uma vida independente e próspera. Seus prefeitos foram: Walter Bertoluci, Arno Michaelsen, José Francisco Perini, Horst Ernest Volk (interventor federal), Waldemar Frederico Weber, Nelson Dinnebier, Pedro Henrique Bertolucci, Jorge Bertoluci e Nestor Tissot. (Atualização à lista: Fedoca Bertoluci).

   Gramado passou depressa pelas transformações de um pouso de tropeiros, povoamento, velamento e cidade. Do “pouso de tropeiro” ao “pouso de turistas”, guardou na memória um pouco de seu passado. Hoje Gramado vive do turismo organizado, de seus eventos e de seus atrativos naturais.

   O movimento cultural da cidade é bastante significativo, onde se destacam eventos anuais como o Festival do Cinema, Festival de Turismo, Natal Luz, e Festa da Colônia. A gastronomia é farta e típica das etnias formativas de Gramado, bem como de sabores internacionais requintados. O visitante encontra uma rede de hotéis e pousadas que podem garantir sua satisfação. A Avenida Borges de Medeiros centraliza o comércio e o grande fluxo de visitantes. E se este desejar conhecer como vive o nosso povo no meio rural, existem passeios específicos para isto, étnicos e divertidos.

   Gramado situa-se na região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul. Esta região  é também conhecida como a Região das Hortênsias e Planalto das Araucárias. A cidade se encontra sobre uma rocha melafírica (basalto), ou seja, um grande “lajeado”. Suas altitudes atingem 850 metros e o clima é frio, com alto índice pluviométrico. Sua terra é produtiva e nela a produção germina por todo o território municipal. Nascentes doces vertem por todos os lados, e pertencem a duas grandes bacias hídricas do RS: a bacia do Rio Caí (ao norte) e a do Rio dos Sinos (ao sul).

   E Gramado permanece Gramado, não apenas porque era a marcação de uma parte do caminho dos tropeiros, mas, especialmente, porque sua natureza verde e de relva macia faz por merecer este nome.

Autora: Marilia Daros – Historiadora.

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